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A atriz Dorinha Duval morreu aos 96 anos, encerrando uma trajetória marcada por sucesso, tragédia e recomeço. Famosa por interpretar a primeira Cuca no Sítio do Picapau Amarelo e atuar em novelas da Globo como O Bem-Amado e Irmãos Coragem, Dorinha também protagonizou um dos casos mais polêmicos da TV brasileira: em 1980, foi condenada por assassinar o marido após anos de violência doméstica.
Após cumprir pena, afastou-se da mídia, dedicando-se à pintura e à escrita. Em 2002, lançou sua autobiografia Em Busca da Luz, onde revelou episódios traumáticos, abusos e tentativas de suicídio. Sua filha, Carla Daniel, confirmou a morte pelas redes sociais, sem informar a causa. Dorinha deixa um legado complexo, unindo talento, dor e superação.
Nascida Dorah Teixeira, em 21 de janeiro de 1929, em São Paulo, Dorinha Duval começou sua carreira artística nos anos 1940 como cantora. Com o nome artístico Dorah Maraca, encantava o público com sua performance usando maracas, instrumento que a acompanhava nas apresentações musicais.
Ainda jovem, ela transitou entre diversas emissoras de destaque no Brasil, como TV Tupi, TV Excelsior e TV Rio, até finalmente se consolidar como atriz de novelas da TV Globo, a partir de 1969.
Foi na Globo que Dorinha ganhou notoriedade, atuando em tramas de grande audiência como:
Esses papéis consolidaram seu nome entre as grandes damas da televisão nacional.
Em 1977, Dorinha Duval fez história ao interpretar a primeira versão da Cuca no icônico programa Sítio do Picapau Amarelo. A figura de um jacaré loiro, maquiado de forma assustadora e com voz rouca, se tornou um pesadelo para muitas crianças brasileiras da época.
Sua performance como Cuca não apenas marcou o início de uma série que se tornaria um clássico da TV infantil, mas também garantiu seu lugar definitivo na cultura popular. A personagem – símbolo do folclore brasileiro – ganhou vida de forma única pelas mãos (e pela voz) de Dorinha.
A carreira promissora foi brutalmente interrompida em 1980, quando Dorinha se envolveu em um dos casos policiais mais comentados da história artística brasileira. Ela foi condenada pelo assassinato do marido, o empresário Paulo Sérgio Garcia de Alcântara, com quem estava casada havia seis anos.
Segundo relatos da própria atriz e de testemunhas da época, o crime teria ocorrido após um momento de desespero e violência doméstica. Dorinha alegou legítima defesa, afirmando ter sido alvo de humilhações, ameaças e agressões físicas por parte do companheiro.
A princípio, a atriz foi condenada a 18 anos de prisão, mas a pena foi posteriormente reduzida para seis anos em regime semiaberto. Dorinha cumpriu parte da pena e, ao sair da prisão, decidiu se afastar dos holofotes.
Distante da televisão, Dorinha reinventou sua vida longe das câmeras. Passou a se dedicar às artes plásticas e à escrita. Em 2002, lançou a autobiografia intitulada “Em Busca da Luz”, um relato comovente e brutalmente honesto sobre sua vida pessoal, traumas e redenção.
No livro, a atriz relatou experiências dolorosas, incluindo:
Mesmo com um histórico turbulento, Dorinha tentou ressignificar sua imagem nos últimos anos, compartilhando sua trajetória de superação.
Dorinha Duval viveu longe da mídia nas últimas décadas. Sua filha, a também atriz Carla Daniel, foi quem confirmou o falecimento da mãe pelas redes sociais nesta quarta-feira, 21 de maio de 2025. Dorinha morreu aos 96 anos. A causa da morte não foi informada.
A despedida da artista gerou comoção nas redes sociais. Diversos fãs e personalidades lamentaram a perda, relembrando sua contribuição para o teatro e a televisão brasileira.
Falar de Dorinha Duval é lembrar da complexidade humana. Uma mulher que foi ícone, vilã, vítima e autora de sua própria reconstrução.
Seu legado é, ao mesmo tempo:
Dorinha Duval representa um capítulo único na história da TV brasileira, onde os bastidores foram tão intensos quanto os roteiros.
No fim, Dorinha Duval não foi apenas uma atriz. Ela foi um retrato de uma era. Um símbolo de como o sucesso e a dor podem coexistir. De como o brilho dos palcos pode esconder feridas profundas. E de como, mesmo após as maiores quedas, é possível buscar luz, como sugere o título de seu livro.
Hoje, o Brasil se despede de uma mulher intensa, polêmica, talentosa e inesquecível.