Lula, Janja e o Fascínio Pela China: Estamos Caminhando Para Uma Ditadura Disfarçada?

A recente visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da primeira-dama Janja à China, amplamente divulgada nas redes sociais e nos noticiários, trouxe à tona uma série de questões controversas sobre a postura do governo brasileiro diante de regimes autoritários e, em especial, sobre a relação do Brasil com a censura digital. Muito além de uma simples viagem diplomática, a presença do casal presidencial em território chinês revelou uma cumplicidade preocupante com o autoritarismo e acendeu um alerta sobre os rumos da liberdade de expressão e da política digital no Brasil.

Uma visita cercada de elogios a uma ditadura

Durante os dias em que estiveram na China, Lula e Janja não economizaram elogios ao regime chinês. Enquanto o Partido Comunista Chinês mantém o país sob uma rígida ditadura, controlando a imprensa, censurando a internet e perseguindo dissidentes, o presidente brasileiro optou por ignorar essas questões em seus discursos públicos. Ao invés de condenar a repressão de direitos humanos ou cobrar liberdade de expressão, Lula preferiu exaltar a força econômica e a “estabilidade política” chinesa como exemplos a serem observados.

Janja, por sua vez, adotou um tom ainda mais alinhado com o regime. Em postagens e declarações, mostrou-se encantada com a estrutura digital da China e com o modo como a tecnologia é usada para “organizar” a sociedade. O que passou despercebido (ou foi ignorado) por muitos é que essa mesma estrutura é a base de um dos sistemas mais opressores de vigilância digital do mundo, com câmeras de reconhecimento facial em massa, notas sociais para os cidadãos e total ausência de privacidade online.

TikTok: de ferramenta de entretenimento a instrumento de controle

Um dos pontos que chamou a atenção durante a visita foi a ênfase dada ao TikTok, plataforma chinesa de vídeos curtos. Janja elogiou abertamente o aplicativo e chegou a sugerir que o Brasil deveria investir em estratégias semelhantes para “alcançar os jovens”. No entanto, especialistas em tecnologia e segurança digital vêm alertando há anos sobre os riscos da plataforma, especialmente no que se refere à coleta de dados, influência sobre o comportamento e alinhamento com os interesses do governo chinês.

Enquanto outros países, como Estados Unidos e membros da União Europeia, discutem restrições ou até banimentos ao TikTok por questões de segurança nacional, o governo brasileiro, sob Lula, caminha na direção oposta: aproxima-se da China e manifesta entusiasmo com a ferramenta. A falta de crítica revela, no mínimo, uma negligência perigosa em relação à soberania digital e à proteção dos dados dos brasileiros.

Silêncio sobre a censura e alinhamento com o controle estatal

Na China, palavras como “liberdade de imprensa” e “democracia” são praticamente proibidas nas mídias locais. O governo de Xi Jinping exerce controle absoluto sobre o conteúdo publicado na internet, apaga postagens contrárias ao regime e prende jornalistas e ativistas. O sistema de firewall chinês impede o acesso a sites internacionais e cria uma bolha de desinformação cuidadosamente controlada pelo Partido Comunista.

Diante desse cenário, seria de se esperar que o chefe de Estado de um país democrático como o Brasil demonstrasse alguma preocupação ou, ao menos, abordasse o tema com responsabilidade. Mas o que se viu foi o oposto: Lula não apenas evitou qualquer menção à censura, como também defendeu a “regulação das redes sociais” em seus discursos recentes – uma proposta que, embora travestida de combate à desinformação, levanta suspeitas de que o governo pretende seguir os passos do controle estatal chinês.

A proposta de regulação das redes no Brasil

O governo Lula já vinha tentando avançar com projetos que visam a regulamentação das plataformas digitais no país. A proposta oficial, apresentada como um esforço para combater fake news e proteger a democracia, contém pontos preocupantes: abre brechas para a censura, transfere poderes amplos para agências estatais e dá margem para a perseguição de vozes dissonantes.

O que preocupa analistas é a falta de critérios claros, a ambiguidade nos termos utilizados (como “discurso de ódio” e “desinformação”) e a ausência de mecanismos de controle independente. Em vez de fortalecer a liberdade de expressão com transparência e responsabilidade, a proposta corre o risco de ser usada para silenciar opositores e criar um ambiente de medo nas redes sociais – exatamente como acontece na China.

A aproximação ideológica e os riscos para a democracia brasileira

A viagem à China não pode ser analisada apenas sob a ótica econômica. Ela revela um alinhamento ideológico cada vez mais evidente entre o governo Lula e regimes autoritários, como o de Xi Jinping. Ao elogiar um sistema que persegue minorias, censura informações e utiliza a tecnologia para controlar a população, o Brasil se distancia dos valores democráticos e da liberdade individual.

O entusiasmo de Janja com o modelo chinês, inclusive em aspectos de comunicação digital, é um reflexo dessa aproximação. Se antes a esquerda brasileira se dizia defensora da liberdade, hoje parece encontrar conforto no autoritarismo, desde que venha embrulhado em tecnologia e promessas de progresso.

A imprensa e o papel da oposição

Enquanto grande parte da imprensa tradicional se mantém silenciosa ou complacente diante dessas atitudes, cabe à sociedade civil e à oposição política questionar os rumos adotados pelo governo. A liberdade de expressão não é negociável. E o Brasil precisa decidir se seguirá sendo uma nação democrática ou se irá trilhar o perigoso caminho do autoritarismo digital.

As redes sociais, apesar de seus defeitos, foram essenciais para a mobilização de movimentos sociais, denúncias de corrupção e fortalecimento da democracia nas últimas décadas. Submetê-las a controle estatal, sob o pretexto de combater fake news, representa um retrocesso inaceitável. A inspiração na China, nesse sentido, não é apenas equivocada – é perigosa.

Conclusão: o Brasil diante de um espelho autoritário

A viagem de Lula e Janja à China escancarou aquilo que muitos já suspeitavam: o atual governo não vê com maus olhos o modelo chinês de controle social. Ao contrário, parece disposto a importar elementos dessa estrutura para aplicar no Brasil, especialmente no campo digital.

É fundamental que a sociedade esteja atenta e reaja a qualquer tentativa de censura disfarçada de regulação. A liberdade de expressão e o acesso à informação são pilares de qualquer democracia verdadeira. Ignorar os alertas, fechar os olhos para os riscos e aplaudir o autoritarismo – mesmo que venha em forma de aplicativo ou com uma estética moderna – é um erro que pode custar caro.

Lula e Janja, ao exaltarem um regime ditatorial, demonstram que o discurso progressista pode esconder intenções autoritárias. Cabe aos brasileiros, sobretudo aos que prezam pela liberdade, questionar, resistir e exigir transparência.

Se o governo deseja enfrentar a desinformação, que o faça com educação, inclusão digital e incentivo à imprensa livre – não com censura e admiração por regimes que calaram seu povo.

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