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A estreia da segunda temporada de The Last of Us pela HBO reacendeu debates fervorosos entre fãs, críticos e especialistas. Se por um lado a qualidade da produção continua incontestável, por outro, a figura de Bella Ramsey, intérprete da personagem Ellie, volta a ser o centro de discussões acaloradas nas redes sociais e na imprensa. Com o título "Bella Ramsey solta o verbo", este artigo mergulha fundo em sua atuação, nas polêmicas que a cercam e na reação da audiência à continuação da aclamada série.
Após o estrondoso sucesso da primeira temporada, baseada fielmente no jogo da Naughty Dog, a segunda temporada chegou às telas com uma missão ambiciosa: adaptar a controversa narrativa de The Last of Us Part II. Essa sequência do game é conhecida tanto por sua carga emocional intensa quanto pela ousadia de seus eventos narrativos — incluindo, claro, a morte prematura de Joel Miller, vivido por Pedro Pascal.
Se na primeira temporada a relação entre Joel e Ellie era o coração da história, agora o foco recai sobre Ellie e sua jornada de dor, perda, vingança e autodescoberta. E é aí que Bella Ramsey se torna o alvo das atenções — e também das críticas mais duras.
Desde que foi anunciada no papel de Ellie, Bella Ramsey dividiu a opinião do público. Muitos fãs da franquia não conseguiram aceitar seu visual como fiel à personagem do jogo. A atriz, que se identifica como não binária, passou a ser alvo de comentários transfóbicos, machistas e extremamente ofensivos. No entanto, a própria Bella nunca se esquivou da polêmica.
Em entrevista ao The New York Times, ela afirmou:
“Se esperavam alguém que reproduzisse a Ellie do jogo como um clone, não sou essa pessoa. Eu trouxe uma versão emocionalmente fiel à personagem.”
Essa coragem em enfrentar as críticas de frente transformou Bella Ramsey em um símbolo de resiliência. A atuação visceral e emocional que entregou na segunda temporada foi, inclusive, considerada por críticos como um dos pontos mais altos da série.
Com Joel morto logo no início da temporada — um evento que causou um verdadeiro terremoto nas redes —, Ellie assume o protagonismo absoluto. Ramsey, agora com mais tempo de tela e arcos narrativos complexos, precisou interpretar uma Ellie mais sombria, traumatizada e movida por vingança.
E ela conseguiu. A performance da atriz foi considerada “profundamente comovente” por veículos como o The Guardian e Variety, destacando sua habilidade de demonstrar raiva contida, sofrimento psicológico e fragilidade, tudo em um equilíbrio difícil de atingir.
Trechos como a sequência da cabana, onde Ellie confronta Abby, ou a cena do teatro abandonado, onde revela seu sofrimento interno, marcaram os episódios como os mais poderosos da temporada até agora.
Durante a coletiva de imprensa de lançamento da segunda temporada, Bella foi questionada sobre o novo ciclo de ataques nas redes sociais. Ela não hesitou em responder:
“Se o problema das pessoas comigo é meu rosto, meu gênero ou o fato de eu não sorrir o suficiente, então essas pessoas estão presas ao passado. A Ellie de 2025 é real, é minha, e eu não tenho que pedir permissão pra isso.”
A declaração viralizou. Enquanto críticos elogiaram sua firmeza, detratores aumentaram o tom dos ataques. A atriz, porém, continuou seu trabalho com profissionalismo e intensidade.
A primeira temporada apresentou um enredo mais linear, com foco no desenvolvimento da relação entre Joel e Ellie. Já a segunda temporada é mais fragmentada, emocionalmente complexa e repleta de flashbacks e mudanças de perspectiva. Essa abordagem narrativa dividiu opiniões.
Muitos elogiaram a ousadia da HBO em seguir os passos do jogo, sem ceder à pressão dos fãs. Outros sentiram falta da simplicidade emocional da primeira parte. O consenso é que Bella Ramsey cresceu como atriz e conseguiu sustentar o peso de uma temporada inteira com uma entrega madura e carregada de nuances.
A nota da temporada caiu nas plataformas como IMDb e Rotten Tomatoes. Mas é importante destacar que essa queda vem, em boa parte, da chamada “review bombing” — prática em que usuários insatisfeitos com decisões criativas atacam as produções com notas baixas, muitas vezes sem sequer assistir ao conteúdo completo.
A HBO respondeu com dados: a audiência cresceu 28% em relação à temporada anterior, e o streaming de episódios antigos aumentou após a estreia da segunda parte. Isso mostra que, apesar do ruído, o interesse pela série permanece alto.
O lançamento da nova temporada impactou diretamente o universo gamer. The Last of Us Part II voltou ao topo das vendas digitais na PSN e no Steam, impulsionado por novos fãs da série e antigos jogadores que decidiram revisitar a história para comparar com a adaptação.
Bella Ramsey também se tornou uma presença constante em eventos ligados ao universo geek, como a Comic-Con e painéis da PlayStation, reforçando sua importância como rosto oficial de Ellie.
Comparar as duas Ellies — a dos jogos (dublada e interpretada por Ashley Johnson) e a da série (por Bella Ramsey) — tornou-se quase inevitável. Mas talvez o mais interessante seja o fato de que ambas atrizes possuem visões diferentes, mas igualmente legítimas da personagem.
Ashley sempre interpretou Ellie com um tom mais juvenil e rebelde, especialmente no primeiro jogo. Já Bella explora uma Ellie mais emocionalmente abalada, transformada pela dor e marcada por traumas.
Curiosamente, as duas atrizes se encontraram pessoalmente, e segundo Bella, receberam apoio mútuo e troca de experiências. Esse momento de bastidores também ajudou a humanizar Bella para muitos fãs que antes resistiam à sua presença na série.
Com a ascensão de artistas mais diversos, não é surpresa que produções como The Last of Us estejam na linha de frente das transformações culturais no entretenimento. Bella Ramsey representa essa nova geração: sem medo de quebrar padrões, sem medo de se posicionar, e sem medo de ser alvo de ataques.
As críticas à sua atuação, muitas vezes injustas e baseadas em preconceitos, revelam mais sobre o público do que sobre o talento da atriz. Felizmente, a HBO optou por manter sua aposta — e acertou.
Com a confirmação de uma terceira temporada, que adaptará os eventos finais do segundo jogo e trará novos elementos da história ainda não revelados, Bella Ramsey continua como protagonista. A HBO já garantiu que manterá o tom sombrio e emocional da série, focando em temas como perdão, identidade e superação.
Além disso, surgem boatos de que o estúdio poderá expandir o universo com spin-offs, aprofundando personagens como Abby, Dina e até eventos anteriores ao surto.
A jornada de Bella Ramsey como Ellie não é apenas sobre adaptar um jogo — é sobre romper barreiras, desafiar padrões estéticos e resistir ao preconceito. A segunda temporada de The Last of Us nos mostra o peso que uma atuação pode carregar, especialmente quando vem acompanhada de tanta paixão e autenticidade.
Se antes havia dúvidas sobre sua capacidade, agora não restam argumentos. Bella Ramsey é, de fato, a Ellie da nova geração — com toda a dor, fúria, ternura e verdade que a personagem exige.